ATA DA TERCEIRA SESSÃO ESPECIAL DA QUARTA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 26.09.1996.
Aos vinte e seis dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e
seis, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e trinta e seis minutos o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a
homenagear os cinqüenta anos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial -
SENAC. Compuseram a Mesa: os Vereadores Isaac Ainhorn e Reginaldo Pujol,
Presidente e 2º Secretário desta Casa, o Senhor Luiz Fernando Vieira,
Presidente do Conselho Regional do SENAC, e o Senhor Paulo Bastian, Diretor
Regional Adjunto do SENAC, e o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando
Militar do Sul. Como extensão da Mesa, o Senhor Presidente registrou a presença
do Senhor Paulo Silvino Machado, representante do Diretor Regional do Serviço
Social da Indústria - SESI. Logo após, o Senhor Presidente comunicou o
recebimento de um fax da Federação dos Atacadistas do Estado, informando da
impossibilidade do comparecimento a este evento e cumprimentando o Legislativo
Municipal pela realização desta homenagem. Em prosseguimento, o Senhor
Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O
Vereador Isaac Ainhorn, em nome das Bancadas do PDT, PTB e PMDB, destacou o
trabalho realizado pelo SENAC, especialmente em relação ao ensino
profissionalizante no País. A Vereadora Maria do Rosário, em nome da Bancada do
PT, ressaltou a importância dos cursos de profissionalização oferecidos pelo
SENAC . O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, disse que o
SENAC, conservando a sua finalidade, renova, periodicamente, suas esperanças e
as de centenas de jovens, que vão buscar em seus cursos o aprendizado
necessário. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPB, expressou o
sentimento contrário desta Casa quanto à possibilidade de extinção do SENAC,
tendo em vista os benefícios que esta Entidade presta ao povo brasileiro. O
Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, salientou que o processo de
aprendizagem fornecido pelo SENAC consiste em um veículo para a melhoria da
qualidade de vida daqueles que o procuram. O Vereador Antonio Hohlfeldt, em
nome da Bancada do PSDB, destacou a importância do comércio na história da
humanidade, tecendo comentários sobre as realizações do SENAC em nossa Capital
e no Rio Grande do Sul. A seguir, houve a celebração da assinatura de um
convênio entre esta Casa e o SENAC para a divulgação dos trabalhos deste
Legislativo, proporcionando um intercâmbio maior entre ambas as instituições.
Logo após, o Senhor Presidente procedeu a entrega da obra "Porto Alegre à
Beira do Rio e em Meu Coração" ao Senhor Luiz Fernando Vieira, concedendo-lhe
a palavra, tendo este manifestado seu agradecimento pela presente homenagem,
fazendo, ainda, um relato das atividades desenvolvidas pelo SENAC. Em
continuidade, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à
execução do Hino Rio-Grandense. Às dezesseis horas e quarenta e dois minutos,
nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e
declarou encerrados os trabalhos da presente Sessão, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn e Reginaldo Pujol e
secretariados pelo Vereador Reginaldo Pujol. Do que eu, Reginaldo Pujol, 2°
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos
e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1° Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Isaac
Ainhorn): Damos
por aberta a 3ª Sessão Especial da 4ª Sessão Legislativa Ordinária da XI
Legislatura. Convido para integrar a Mesa o Sr. 1 Secretário da Casa , Ver.
Reginaldo Pujol; o Sr. Presidente do Conselho Regional do SENAC, Dr. Luiz
Fernando Vieira; o Sr. Diretor Regional Adjunto do SENAC, Dr. Paulo Bastian; o
representante do Comando Militar do Sul, Cel. Irani Siqueira.
A presente Sessão destina-se a homenagear os 50 anos do Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC. Ainda, por ocasião desta Sessão
Especial, celebraremos convênio entre a Câmara Municipal de Porto Alegre e o
SENAC.
Registramos, como extensão da Mesa, a presença do Dr. Paulo Silvino
Machado, que representa o Diretor Regional do SESI. Também registro a presença
de Conselheiros, Diretores e funcionários do SENAC.
Convidamos a todos, para, de pé, ouvir o Hino Nacional.
(O Hino Nacional é executado.)
O SR. PRESIDENTE: Gostaria de registrar o
recebimento de fax da Federação dos Atacadistas do Estado do Rio Grande do Sul,
firmado pelo seu Presidente, que informa a impossibilidade de comparecer a este
evento e cumprimenta o Legislativo pela realização desta homenagem.
Solicito ao Ver. Reginaldo Pujol que assuma a Presidência dos
trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo
Pujol):
Passamos a palavra ao Vereador Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente dos
trabalhos, Ver. Reginaldo Pujol, Srs. Vereadores, Sr. Presidente do SENAC, Dr.
Luiz Fernando Vieira, Senhoras e Senhores , a Câmara Municipal de Porto Alegre
não poderia, nesta oportunidade, deixar de fazer o registro dos cinqüenta anos
do Serviço Nacional do Aprendizado Comercial - SENAC, pelo papel que esta
instituição, nos seus jovens cinqüenta anos, representa para o nosso País. Na
esteira da redemocratização do País, essas instituições foram criadas com
respaldo de cotas de contribuição das empresas e vêm desempenhando um papel
que, inquestionavelmente, lhes colocou numa posição singular, no cenário
nacional, de respeito, de reconhecimento, por seu trabalho. Assim, tanto o
SENAC como as demais instituições congêneres: SESI, SESC, vêm desempenhando no
curso destes seus 50 anos.
E é aqui, talvez na mais antiga das instituições políticas do Estado
Rio-Grandense, na Câmara Municipal de Porto Alegre, na bicentenária Câmara
Municipal de Porto Alegre, conquanto ela tem - comemorou há alguns dias atrás -
seus 223 anos. Mais antiga que a Revolução Americana - como sempre assevera o Ver.
Lauro Hagemann; mais antiga - rendendo ao mesmo os créditos da observação -
mais antiga que a Revolução Francesa e do que a própria Inconfidência Mineira é
esta Casa, e pouco se conhece até da história desta Casa. Até, vamos ter a
oportunidade, aqui, de entregar ao Presidente e as pessoas que quiserem o
cartaz que registra os 223 anos. O cartaz dos 223 anos, meu caro Presidente do
SENAC - e aqui fazendo também um pouco de apologia da nossa Câmara Municipal -
registra o antigo prédio da Câmara Municipal que era na Praça da Matriz, que
não é Praça da Matriz do ponto de vista., formal, e, sim, Praça Marechal
Deodoro, ali onde exatamente o SENAC restaurou o Solar dos Palmeiras e entregou
aquele espaço para o conjunto da Cidade, para preservação da memória histórica
da Cidade; e aí, sem entrar na essencialidade da sua atuação, o restauro, o
resgate da memória da Cidade, também nisso o SENAC, meu caro Presidente Vieira,
esteve presente, e está ali, preservado, agora, o prédio conhecido como Solar
dos Palmeiras. Pois a Câmara Municipal de Porto Alegre, num prédio, num perfil
arquitetônico semelhante ao do Teatro São Pedro estava ali na Praça também,
onde hoje está o SENAC, onde hoje é o Tribunal de Justiça do Estado. Em 1937,
quando se instaurou o Estado Novo e suspenderam-se as atividades dos
parlamentos brasileiros, a Câmara acabou saindo dali e o prédio foi assumido
pelo Tribunal de Justiça; e, em 1949, este veio a incendiar, a exemplo de uma
série de outros prédios que foram incendiados naquele mesmo ano, como o Colégio
Júlio de Castilhos, o Arquivo Público e o Tribunal de Justiça, onde era o
prédio da Câmara Municipal. Fiz esse registro também como uma homenagem ao
SENAC que hoje está na Praça da Matriz. O Estado deve pensar em restaurar ali
ao lado o chamado "forte apache" na esquina da Praça da Matriz,
próximo ao Tribunal de Justiça.
O momento é de homenagem ao SENAC, que teve na sua primeira clientela,
por força de lei, o menor aprendiz de 14 a 18 anos e tem desenvolvido um
trabalho na esteira dos cursos em todo o País. O SENAC tem investido naquilo
que hoje recém está sendo descoberto como a grande saída para este País, que é
o ensino profissionalizante, o que estas instituições já vêm fazendo há muito
tempo. Na esteira destas cinqüentenárias instituições, mais recentemente nós
estamos vendo o sucesso do jovem SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
- do SESC e SENAC da área de transporte, que também é bem-vindo, exatamente, na
linha de trabalho dessas instituições cinqüentenárias.
Esta Câmara não poderia, nesta oportunidade, deixar de fazer esse
importante registro dos 50 anos do SENAC, porque muitas pessoas são ligadas e
conhecem esses dados, mas que fique registrado nos Anais da Casa, Vera. Maria
do Rosário, que o SENAC, aqui no Estado, possui 119 laboratórios e
salas-ambiente, proporcionando um atendimento de alta qualificação. E, na
gestão do atual Presidente, foram feitos avanços que merecem o respeito de toda
a sociedade gaúcha, ou seja, houve um grande aumento - só para que os Srs.
Vereadores possam avaliar, nesta atual gestão, passou de 149 mil matrículas,
registradas em 1993 no Estado, para 203 mil em 1994; e 303 mil em 1995. Panejam
encerrar 1996 com mais de 470 mil atendimentos. De uma receita própria de um
milhão, 989 mil e 369 dólares em 1993, o SENAC/RS finalizou o ano de 1995 com 7
milhões, 856 mil e 511 dólares americanos, numa evolução de 294%.
Vejam um outro dado importante, em todo este Brasil, em 50 anos, foram
preparados 23 milhões de brasileiros para o mercado de trabalho. Somente no Rio
Grande do Sul foram mais de 10% deste total, demonstrando que o SENAC é uma
instituição que mostrou suma importância no meio social e empresarial da Nação.
E aqui diz, juntamente com que referimos, conjuntamente com o SESC, SESI e
SENAI, o SENAC representa um modelo alternativo de política desenvolvida no
Estado.
Essa é a visão que temos em relação ao SENAC e esta posição que nós,
como representantes do povo porto-alegrense, como representação política desta
Cidade, temos reafirmado nos momentos que surgem aquelas verdadeiras aberrações
legislativas que tentam eliminar, que tentam extinguir o que está bom e o que
funciona neste País. Esta Casa, em
diversos momentos de sua atuação política e parlamentar, tem manifestado
irrestrito apoio a essas instituições, levando as suas Moções de Apoio à
manutenção e ressaltando a importância dessas instituições, levando a posição
da representação política da Cidade de Porto Alegre para o centro do País, para
Brasília. E não tenho dúvidas que a Brasília acorrem, também, manifestações de
outros milhares de municípios brasileiros em reconhecimento ao trabalho
realizado por estas instituições.
Especialmente neste momento, esta Casa, que vive um momento de
transição em função do final de uma Legislatura, em função de uma sucessão
municipal que se avizinha para os próximos dias. Mesmo assim, na atipicidade do
momento que vive o Legislativo Municipal, não poderíamos deixar de prestar o
reconhecimento a essa Instituição.
Esta foi a razão pela qual a Mesa Diretora., por mim presidida e
integrada pelos Vereadores Edi Morelli, Reginaldo Pujol, Mário Fraga, Luiz
Negrinho, Fernando Záchia, entendeu, em nome da Direção Administrativa e
política desta Casa, de prestar no dia de hoje o reconhecimento aos 50 anos do
SENAC.
Por isso, nossa homenagem ao SENAC, aos Senhores funcionários e
dirigentes do SENAC que tão bem têm conduzido esse Processo e tão bem tem
administrado essa Instituição.
Muito obrigado é o que diz a representação política da Cidade de Porto
Alegre ao SENAC e a seus funcionários. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário
está com a palavra.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: (Saúda os componentes da
Mesa.) Srs. Vereadores, Senhores e Senhoras. Sem dúvida, quando nós nos
reunimos aqui, na Câmara Municipal, em homenagem aos 50 anos do SENAC, o
fazemos em nome da Cidade de Porto Alegre. A Cidade abraça o SENAC. A Cidade
diz que ele é uma instituição importante para o seu cotidiano, para a vida dos
nossos cidadãos e a promoção de cada um dentro esta Cidade em que vivemos. E a
Bancada do Partido dos Trabalhadores quer somar-se nesta homenagem. Dizer que
nós temos consciência do que significa para cada pessoa, para cada cidadão,
para cada ser humano, o direito de buscar um profissão, um direito tantas vezes
negado. Como professora, como alfabetizadora, muitas vezes na periferia da
nossa Cidade, em sala de aulas, deparei-me com alunos que tinham certeza de que
o sistema educacional, que o sistema social como um todo não permitiriam que
avançassem na sua profissionalização. Para os professores, independente de seu
nível, que trabalha em alfabetização, primeiro ou segundo grau, isso sempre é
um momento de dor e de dúvida, e o momento de fazer o máximo. Pois, aquele
aluno estava entre nós naquele momento, e naquele momento buscando o
conhecimento como um ser humano faz. Mas depois de estar nesta. Casa, muitos
desses alunos bateram na porta do gabinete desta Vereadora, como de tantos
outros gabinetes desta Casa. E o caminho que, muitas vezes, nós apresentamos a
eles foi o caminho da profissionalização, através de algum curso do SENAC. E
digo isso aos Senhores, porque é nessa instituição que, às vezes, encontramos
algum curso que precise de menos pré-requisitos, como um curso de encadernação,
como um curso de corte e costura. Cursos que devolvem à pessoa a auto-estima e
o reconhecimento de que ela própria entenda que pode assumir uma profissão, de
que ela tem a possibilidade, pelo seu trabalho e pelo conhecimento direto de um
ofício, de ser reconhecida por uma profissão determinada. E nós não queremos
todos ser, médicos, ser professores de nível superior, ser advogados. Quando
nós perguntamos para as crianças, em todas as classes sociais, o que elas
querem ser quando crescerem, muitas vezes falam em profissões tidas como
simples, às vezes desvalorizadas na nossa sociedade, mas que, de fato, têm em
si uma elaboração muito grande, porque dão o direito a uma pessoa de ser
reconhecida dentro de um grupo social e dentro da sua capacidade de contribuir,
por mais singela que seja a sua contribuição, como garçom, como encadernador,
como porteiro, como telefonista, ou como alguém que trabalha num computador.
Nós estamos vivendo a terceira revolução tecnológico-industrial, mas
cada vez mais precisamos nos preocupar com que o humano é importante. E a
pessoa sentir-se útil na sociedade é o principal ganho que nos apresentam
instituições como a que os Srs. representam no dia de hoje. Vivemos um período
de recessão e mais de 200 mil pessoas entram em filas nas segundas-feiras, após
lerem os jornais de domingo, na busca por uma vaga no mercado de trabalho. Esta
vaga precisa ser buscada com esperança e, muitas vezes, o curso de
profissionalização é também um caminho para a esperança. Mas, de outro lado,
quando homenageamos uma instituição que trabalha com emprego e com a promoção
da pessoa humana, precisamos também, em nome da nossa Bancada, declararmos que,
enquanto cidadãos, precisamos defender uma política global de geração de
emprego e renda, pois não é possível falarmos em formação se não falarmos em
ocupação e geração de trabalho, de emprego e de renda. Abraço a todos os Srs. e
Sras. que fazem do SENAC uma realidade - instrutores, professores, pessoas que
do ponto de vista pedagógico contribuem para uma cidade melhor. E digo em nome
do PT que vocês são todos pessoas muito importantes porque fazem de cada um que
passa pelo SENAC uma pessoa que se sente valorizada e importante para a nossa
Cidade. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac
Ainhorn): A
palavra com o Ver. Reginaldo Pujol, que fala por sua Bancada, o Partido da
Frente Liberal.
O SR. REGINALDO PUJOL: (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) Evidentemente que em 1946 o Presidente da época, José
Linhares, Presidente interino da República, na transição entre o Estado Novo e
a redemocratização do País, não cogitava de que 50 anos depois a Instituição
que decorria do Decreto-Lei nº 8621, de 10 de janeiro de 1946, fosse essa
pujante Instituição que hoje está com âncoras fundadas nos mais diversos
quadrantes do território brasileiro - SENAC - Serviço Nacional. de Aprendizado
Comercial.
Nós, do Partido da Frente Liberal, Partido que nesta Casa tem um único
representante, exatamente este Vereador, entendemos que no momento em que se abre
uma discussão, até mesmo, sobre as reformas do Estado, são reformas
absolutamente necessárias. Impõe-se que se tenha uma tranqüilidade muito forte
no desenvolvimento das reformulações das funções do Estado e de suas
instituições, preservando coisas que foram feitas e que deram resultados
positivos. A idade já nos ensinou que a mudança nem sempre é o melhor caminho:
existem várias situações que precisam ser mantidas até para que a renovação se
processe pela manutenção de um estado, cujo desdobramento é a mudança
continuada.
Quando se trata de uma instituição como o SENAC, essa formulação,
aparentemente confusa, fica fácil de ser explicitada: foi conservando a sua
finalidade que o SENAC renova, periodicamente, suas esperanças e a de centenas
de jovens, que vão buscar em seus cursos o aprendizado necessário. Essa
situação avoluma-se mais ainda num período em que a competição passa a ser a
palavra de ordem e a qualificação profissional é necessária para que eles se
tornem vitoriosos dentro da competição estabelecida.
Coincidentemente, sou vizinho do SENAC, pois resido na Cel. Genuíno. E
ali aprendi a ver aquele bulício, que, na sede antiga do SENAC se realiza, pois
ali se concentram jovens que, diuturnamente, vão buscar seus cursos. É lá,
também, onde funciona aquele modelar serviço na área de hotelaria, mantido pelo
SENAC, que é o restaurante, de onde saem muito bem habilitados os jovens que lá
buscam sua formação.
Mais recentemente, tive a satisfação de ver uma efetiva participação do
SENAC na contribuição objetiva e decisiva na restauração da Pracinha do Capitólio,
hoje plenamente restabelecida, e que vai passar a ser, agora, a Pracinha do
SENAC, dada a nova vizinhança que se estabelece. Por isso eu não poderia deixar
de estar presente a esta reunião, saudando os dirigentes do SENAC, dizendo que
nós de Porto Alegre temos a viva esperança de que o SENAC continue a produzir
os resultados positivos que até agora produziu. E que, efetivamente, possa ser
esta instituição que traz resultados positivos a nossa Cidade, que haverá de
oferecer melhores ainda, se houver da parte do responsável pela coisa pública
desta Cidade uma compreensão da importância das atividades comerciais de Porto
Alegre, neste período de transição que ocorre na história do mundo. Essa
transição que faz com que tenhamos para com a atividade comercial o devido
reconhecimento, retirando barreiras que as impede de funcionar adequadamente,
para que, ativado o comércio possa haver a ocupação daqueles que obtêm a sua
formação no SENAC.
Era isso, Sr. Presidente, que o PFL deseja colocar como uma homenagem
justa e adequada a essa grande e benemérita Instituição: o Serviço Nacional do
Aprendizado Comercial. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra.
O SR. JOÃO DIB: (Cumprimenta os componentes
da Mesa e demais presentes.) Estamos aqui para comemorarmos os cinqüenta anos
do SENAC. É claro que não preciso falar dos trabalhos que o SENAC presta para a
coletividade em todo o Brasil nos seus diferentes setores. Cinqüenta anos de
uma entidade é diferente do que cinqüenta anos da criatura humana. Aos
cinqüenta anos a criatura humana começa a perder forças; a entidade começa a
ter mais forças, e esta entidade, SENAC tem sido muito importante para a coletividade
como um. todo, porque o homem vale pelo que ele sabe, pelo que é capaz de
produzir em razão daquilo que aprendeu, e o SENAC tem feito isso. Não vou falar
sobre as atividades do SENAC, porque qualquer um dos Senhores seria capaz de
dizer melhor do que eu. Só quero dizer que existem vozes agourentas por aí
dizendo que o SENAC é desnecessário. Acho que estão completamente equivocados e
com tranqüilidade digo que esta Câmara está contrária a qualquer medida que
venha nesse sentido. Nós precisamos do SENAC e queremos o SENAC muito mais
forte e fazendo brasileiros em melhores condições do que temos hoje. Na
realidade, todos os Vereadores recebem pedidos de empregos, mas as pessoas não
estão preparadas para o mesmo. Então, quando tem uma entidade como esta, que
forma o homem, é preciso que estejamos ao lado para que possamos comemorar os
cem, cento e cinqüenta e duzentos anos, porque é o tipo de entidade que
realmente presta serviço. Tudo que faz é multiplicado. Então, estes cinqüenta
anos valem muito mais do que isso.
Desejo ao Presidente e a cada um dos senhores que integram o SENAC
sucesso e que continuem trabalhando com o mesmo entusiasmo por esta grande
entidade que, durante cinqüenta anos, serviu o povo brasileiro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro
Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) É perigoso se tornar repetitivo numa ocasião como
esta, mas é preciso ressaltar os 50 anos do SENAC como uma instituição
prestante para a sociedade brasileira. Cinqüenta anos de uma entidade podem
representar pouco tempo num país jovem como é o Brasil em que instituições
cinqüentenárias não são muito numerosas. No caso do SENAC, a prestação dos
serviços é o que importa. Derivada da mais antiga, talvez, atividade humana que
é a troca, o comércio, o processo de aprendizado, de aperfeiçoamento encontra
no SENAC um veículo notável. Não é um sistema formal de educação como se
conceberia e também não é um processo informal porque ele é organizado, ele tem
método, mas a sociedade brasileira pobre em educação encontra no SENAC um
caminho, um atalho para chegar a um destino mais condizente com as suas
necessidades. Os jovens que procuram o SENAC para apreender, para se aperfeiçoar,
tem ali o indispensável para esse aprendizado, para esse aperfeiçoamento. Por
isso, dizia o Ver. João Dib, que, embora possa haver vozes agourentas, nós não
podemos prescindir da existência do SENAC. Ele é um instrumento indispensável
para. a vida do País. E nesse processo de aperfeiçoamento o SENAC está
caminhando o bom caminho. O novo milênio vai nos impor condições diferentes de
atuação. O processo tecnológico-científico vai-nos impor nova exigências à
sociedade e aos seus membros. Acho que o SENAC é um caminho muito claro e mais
direto para atender essas necessidades. Nós vivemos em um processo em que a
educação formal está em franco declínio. Não sabemos se nossas escolas são
públicas ou privadas. A Universidade está sucateada. A pesquisa não existe.
Precisamos acreditar em uma entidade como essa, que não é uma entidade oficial,
mas quase uma organização não-governamental. Estas estão assumindo um papel
muito importante na sociedade mundial.
Por isso esse cinqüentenário do SENAC deve ser saudado com muita
ênfase, e dizendo do nosso compromisso, desta Casa do povo de Porto Alegre, de
respaldar as ações do SENAC em benefício dos porto-alegrenses e dos
rio-grandenses. Queremos que o cinqüentenário do SENAC possa ser repetido por
muito tempo para o benefício da coletividade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt
está com a palavra.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) Há coisas que trazemos de berço, outras aprendemos e
terceiras que, embora trazidas de berço, têm que ser desenvolvidas,
descobertas, aperfeiçoadas. Certamente, os gregos foram sábios. Os seus textos
primeiros, o Esíodo, por exemplo, falam das ninfas, responsáveis pelas artes e,
logo depois, falam dos dons, e, entre os dons, destacam um: o comércio.
A Roma antiga, no período de César, justamente se desenvolve através do
comércio. Foi através do comércio que o Império Romano não apenas se expandiu
quanto se firmou, porque o comércio, para ser feito nos territórios romanos,
exigia o uso de um único idioma, de uma única moeda. Foi assim que os romanos
ocuparam, de fato, as terras conquistadas militarmente e transformaram numa
realidade o que era primeiro um sonho militar.
Portanto, o comércio, sobretudo nessa fase inicial, até mais primitiva,
das sociedades ainda primárias que encontramos no início do século na
Austrália, na Ásia, na África, no Brasil, ainda hoje, entre alguns segmentos
indígenas, que praticam o escambo, bem lembrado pelo Ver. Lauro Hagemann, era
uma alternativa de fazer uso daquilo que lhes sobrava, buscando, através da
troca, garantir outras coisas que lhes faltavam. O comércio se tornou uma
maneira formal de comunicação, de conhecimento. Certamente, muitos países se
vêem, hoje, obrigados a conhecerem outras nações exatamente com objetivo de
buscar o desenvolvimento comercial, porque a psicologia de um povo e
detalhamento de como são características desses povos orientam e definem
percentuais de vendas de maneira extremamente importante no mundo
contemporâneo. A globalização, sobretudo, obriga a todos nós a nos prepararmos
com técnicas mais eficientes, rápidas, sintéticas para garantirmos isso.
No caso específico do Brasil, parece-me que a questão do comércio tem
um outro aspecto importante, em parte levantado pelo companheiro que me
antecedeu. Num país onde ainda o ensino universitário não atinge segmentos
básicos da população, se frustram jovens que não têm condições de chegar até a
universidade, a preparação em nível de segundo grau, a especialização, a
escolha de um segmento dentro de um universo mais amplo é fundamental. E estas
têm. sido as tarefas que o SENAC tem desenvolvido ao longo desse tempo. Eu
penso, sobretudo, na presença, hoje, no Rio Grande do Sul, em face ao Mercosul,
por exemplo, para dizer que, aqui, em nosso Estado, o SENAC ganha uma dimensão
maior, além da dimensão que tem, naturalmente, em termos de Brasil. Por outro
lado, o nosso caso interno de Porto Alegre, eu não tenho dúvidas em dizer que
capitais de estados cada vez mais terceirizadas e cada vez mais dedicadas a
prestações de serviços têm, igualmente, um espaço no SENAC, uma necessidade
básica de formação de mão-de-obra, de ocupação desses jovens que se multiplicam
e, muitas vezes, não encontram espaços para as suas realizações. Sr.
Presidente, Srs. responsáveis pelo SENAC, Srs. Vereadores, para esta Casa é
importante esta data de cinqüenta anos. Em cinqüenta anos o Brasil, certamente,
mudou muito. Talvez, todos nós, algum dia fomos almoçar no restaurante do
SENAC, quem sabe hoje não estejamos mais não somente pensando no almoço mas,
também, no curso de informática e em outras séries de atividades que o SENAC
tem desenvolvido e colocado à disposição de toda a população.
Neste momento eu quero enfatizar um aspecto e que nenhum Vereador que
me antecedeu enfocou. Acho que quem idealizou o Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial foi extremamente sábio. Talvez descendente de um grego.
Ele enfatizou a aprendizagem e não o ensino. Ele enfatizou, exatamente, o dom
que cada um tem que descobrir em si e desenvolver em si com a ajuda de outro.
Não enfatizou o ensino, mas, sim, a. aprendizagem. Como professor que sou, a
mim, chama muito a atenção. Acho que isso tem sido o grande mérito de
instituições e muito especialmente a do SENAC. Temos dado a oportunidade para
que as pessoas descubram a si mesmas e se realizem através desta descoberta que
o processo pedagógico permite. Eu espero que não se faça a besteira de se
extinguir essas instituições. Esta Casa, por diversas vezes, já se manifestou
com absoluta clareza a respeito disso, pois elas são fundamentais para este
País, sobretudo neste momento, pela agilidade, pela diversidade, pela
dinamicidade com que podem reagir as necessidades de uma sociedade que está em
mutação permanente e extremamente rápida.
Portanto, espero que nós possamos comemorar não apenas os 60, os 70,
mas os 100 anos, os outros 50 portanto, dessa entidade. Adaptando-se, sempre,
ao novo tempo, mas sobretudo prestando esse serviço que é fundamental ao Brasil
e enfatizando, acima de tudo, a oportunidade da descoberta que se faz de si
mesmo através da aprendizagem e muito especialmente da aprendizagem comercial.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de passarmos a palavra
ao Dr. Vieira, que falará em nome da SENAC, nós gostaríamos antes de mais nada,
de promover, neste ato, a celebração da assinatura do convênio que neste ato
fazem a Câmara Municipal de Porto Alegre e o Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial - SENAC, para a divulgação dos trabalhos legislativos desta Casa, por
ocasião dessa Sessão Especial dos 50 anos do SENAC. Basicamente, eu gostaria de
ler as cláusulas para que todos tivessem conhecimento.(Lê as cláusulas do
convênio.) Ou seja, recebem, mensalmente, essa relação de Projetos, examinam e
gostariam, eventualmente, de ter cópias de alguns Projetos que lhe interessem,
que gostariam de examinar capa-a-capa, esta Casa encaminha estes Projetos.
O terceiro momento está consubstanciado na cláusula 5ª, que diz: (Lê.)
Basicamente, permanentemente o SENAC poderá fazer uso da Tribuna Popular desta
Casa para se manifestar sobre Projetos desta Casa; poderá fazer uso através de
Comissões e intervir, opinando sobre Projetos junto às Comissões Permanentes da
Casa, poderá, eventualmente, se desejar, ao invés de usar esses critérios, usar
o sistema de memorial ou até apresentando sugestões de Emendas para que esta
Casa aproveite. É assim que entendemos basicamente a chamada participação da
sociedade civil organizada no processo de elaboração legislativa, é isso o que
estamos realizando neste momento.
Convido o Presidente do SENAC, juntamente com o Presidente da Câmara
Municipal, a assinar o Convênio. Convidaria para assinar como testemunhas deste
instrumento o Coronel Irani Siqueira e o Dr. Paulo Silveira Machado.
(Assinam o Convênio.)
Passo às mãos do Dr. Luiz Fernando Vieira uma cópia do Convênio
recém-celebrado e também tenho a honra de entregar a primeira sinopse prevista
no convênio recém-firmado.
Nesta oportunidade também, passo às mãos do Dr. Luiz Fernando Vieira
uma obra sobre Porto Alegre, uma obra em que Câmara Municipal teve participação
na edição, que se intitula "Porto Alegre à Beira do Rio e em Meu Coração", dos poetas Luiz
Coronel e Luiz de Miranda. (Palmas.)
Neste momento, temos a honra de conceder a palavra ao representante do
SENAC, Dr. Luiz Fernando Vieira.
O SR. LUIZ FERNANDO VIEIRA: (Saúda os componentes da
Mesa.) Quando nós comemoramos 50 anos de atividades no Rio Grande do Sul, para
nós é um ano todo de comemoração, buscando cada vez mais uma participação do
SENAC na comunidade gaúcha. Nós, durante esses 50 anos, a nível de Brasil,
formamos 23 milhões de trabalhadores brasileiros, e, ao nível do Rio Grande do
Sul, nós chegamos a dois milhões. Numa época onde o setor terciário cresce e
cresce cada vez mais, onde há 50 anos atrás o comércio existia quase que de uma
forma inexpressiva e onde a setor primário e secundário era muito grande, o
SENAC vem dessa caminhada e, hoje, nós temos números realmente muito grandes.
Nós representamos, dentro do PIB gaúcho, 54% contra 34% da indústria e 13% do
setor primário. Os serviços em países desenvolvidos representam de 60 a 70%
tanto da força de trabalho quanto do PIB. E temos certeza que estamos
caminhando para um 1º Mundo, e vemos que o SENAC é um passaporte para isso, em
cima da formação e aperfeiçoamento. Preocupamo-nos como sociedade, nos últimos
15 ou 20 anos, em formar. doutores, em formar pessoas do 3º grau, e esquecemos
de um garçom, de um encadernador, como disse o prezado Vereador, e mais tantas
outras profissões que temos no SENAC.
Orgulha-nos muito, nesta oportunidade, dizer que o SENAC, no ano de
1996, deve chegar a 470 mil atendimentos no Estado do Rio Grande do Sul, nos
seus mais de 380 cursos que vão de 50, 60 ou 100 horas até cursos
profissionalizantes de 1300, 1500 horas na área de saúde, administração e
tantas outras. Nestes quatro anos à frente do SENAC conseguimos uma
transformação na entidade; saímos de um orçamento anual, em 1992, de seis
milhões de dólares, e estamos chegando a quase 35 milhões de dólares no ano de
1996.
Este trabalho que vem sendo desenvolvido, também pelas administrações
anteriores, é o da auto-suficiência. Para os Senhores terem uma idéia, nós
tínhamos, há 20 anos, uma receita compulsória na casa de 97% e uma receita
própria de 3%. Estamos trabalhando para a auto-suficiência, devemos chegar no
ano se 1996 em torno de 50, 60% de receita própria.
A Câmara Federal discute a redução do chamado custo Brasil, como disse
o Vereador, onde temos em torno de 105 ou 110% de custo sobre o salário de cada
trabalhador. O Executivo Federal está acenando com uma redução de 2,5%, que é
1% de receita compulsória do SENAC e 1,5% de receita compulsória do SESC no
setor terciário, assim como no setor primário e secundário as co-irmãs SENAI,
SESI, SENAR, SENAT e assim por diante. Vimos que realmente não é um percentual
desses que vai reduzir ou vai aumentar o emprego.
Nós sabemos que esta Casa tem sempre apoiado os chamados
"Ss", nesse sentido, nesta luta. No ano que vem vai vir à baia a
discussão sobre o compulsório. Nós temos a certeza - e vamos contar com todos
os componentes desta Casa para que se alinhem a nós nesta luta, para que
consigamos, tranqüilamente - de manter essa receita compulsória. Embora a gente
vã para a auto-suficiência em três, quatro anos, mas com o compulsório nós
conseguimos fazer investimentos. Por exemplo, esse ano, nós estamos adquirindo
em torno de setecentos equipamentos para a área de informática, a área de
informática que hoje representa 55% dos nossos atendimentos.
Eu agradeço à Câmara na pessoa do seu Presidente, Isaac Ainhorn, por
esta homenagem, e nos colocamos à disposição. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença de
todos os Senhores, registrando a importância desta homenagem.
Convidamos a todos para ouvir, antes do encerramento da Sessão, o Hino
Rio-Grandense.
(O Hino
Rio-Grandense é executado.)
Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 16h42min.)
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